sexta-feira, 11 de maio de 2012
“Nós poderemos ser campeões na pesca como somos hoje na carne de boi, na soja”
Em entrevista ao programa Bom Dia Ministro dessa quinta-feira (10), o ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, tratou do controle sanitário do pescado consumido no País, o potencial de produção e consumo de peixe brasileiro, medidas para o incremento do setor e políticas de apoio ao pescador. Leia abaixo trechos da entrevista, editada pelo Em Questão.
Controle sanitário
Estamos com uma rede de laboratórios e, nos próximos cinco anos, vamos investir R$ 55 milhões. Já investimos R$ 10 milhões na formação dessa rede e também no programa de controle sanitário e higiênico dos moluscos bivalves – as ostras, os mariscos e os semelhantes – para termos laboratórios com os melhores equipamentos do mundo e podermos diagnosticar as doenças, tanto do peixe como dos moluscos. Exemplares desses animais são levados aos laboratórios para exame e, assim que se detecta qualquer tipo de doença, é imediatamente avisado ao produtor, que aí não faz a despesca ou toma as providências necessárias.O mesmo padrão de qualidade que nos impomos, vamos impor também aos exportadores, àqueles que estão mandando pescado para nós. O Brasil importa, hoje, US$1 bilhão de pescado.
Consumo de peixe
O brasileiro consome nove quilos de peixe per capita por ano. É baixo, porque a Organização Mundial de Saúde prescreve ou recomenda que a gente tenha uma ingestão de, pelo menos, 12 quilos por ano. A média mundial é 16 quilos, países como o Japão tem um consumo per capita de 30 quilos. Estamos fazendo uma pesquisa em todas as escolas, via internet, em todas as 5.565 prefeituras do Brasil, para obter dados dos secretários municipais de Educação sobre a quantidade de peixe, a frequência e os problemas que eles enfrentam para implementar o pescado na merenda escolar. Pela última pesquisa que fizemos, são muito poucas prefeituras, menos de 1,5 mil, que adotam como padrão alimentício o pescado, pelo menos uma vez por semana. É a proteína mais nobre que podemos ingerir. A cada 100 gramas de peixe, temos quase 30 gramas de proteína, pouca gordura e muito Ômega 3.
Engenharia de Pesca
No Crea, ao todo, engenheiros eletricistas, civis e mecânicos, são 800 mil, mas engenheiros de pesca, registrados, pagando anuidade, havia um pouco mais de 1,8 mil. É um número muito pequeno diante do grande potencial que temos. Uma dezena de universidades que oferecem curso de engenharia de pesca. Nós poderemos ser campeões na pesca como somos hoje na carne de boi, na soja. Conseguimos alcançar os mercados mais longínquos com preços competitivos. Precisamos ser campeões no peixe. E, para isso, vamos precisar de mais engenheiros.
Potencial produtivo
Temos 13,5% das águas doces do planeta superficiais, bacias hidrográficas imensas. São cerca de 5,5 milhões de hectares de superfície de água só nas nossas hidrelétricas. Se contarmos as águas privadas das propriedades, dos sítios, das fazendas, e mais os rios, passam de dez milhões de hectares. Se usarmos essas águas para produzir pescado, com sustentabilidade, poderemos, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), ter uma produção de 20 milhões de toneladas por ano. Hoje, passamos um pouquinho de 1 milhão; 1,4 milhão. A China passa de 20 milhões, ela chega a 30. Podemos ser o segundo no mundo, só com as águas internas. Nosso mar pode ter fazendas marinhas. Os técnicos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) chegam a dizer que a indústria da pesca no Brasil tem o potencial de ser um pré-sal e até com mais longevidade, porque o pré-sal, você sabe, tanto o gás como o óleo, um dia, vão acabar.
Políticas para o pescador
Nós temos programas como o Pró-Frota (Programa Nacional de Financiamento da Ampliação e Modernização da Frota Pesqueira Nacional), que pode ajudar os pescadores. Esses empréstimos podem chegar ao valor de R$ 300 mil. A nossa ideia sempre é que o pescador possa ter o ganho da comercialização. Estamos implantando terminais pesqueiros, também o que nós chamamos de Cipar, que são Centros Integrados da Pesca Artesanal. Estamos, também, com um programa para apoiar os mercados do peixe. O objetivo é que o próprio pescador possa vender e lucrar. Oferecer a um preço mais barato e ter um rendimento melhor.
Terminais pesqueiros
Temos uma política de terminal pesqueiro que precisa se aprimorar na questão da gestão. São 21 terminais pesqueiros no Brasil e estamos querendo modernizá-los. Devemos lançar, em breve, um edital para fazer com que esses terminais sejam administrados por órgãos públicos, por parceria público-privada, ou por entidades privadas, mas que todos tenham uma administração mais moderna e lucrativa. Pela Lei da Pesca, o ministério passou a ter a administração, supervisão e fiscalização de todos os terminais.
O programa é transmitido ao vivo pela TV NBR e pode ser acompanhado na página da Secretaria de Imprensa da Presidência da República.
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