Terreno de fábrica virou um esconderijo para bandidos e depósito de lixo em pleno centro de Ilhéus.

A demolição da antiga fábrica da família Kaufmann, ao lado do Terminal Urbano, foi embargada pela justiça a pedido dos donos do imóvel. Enquanto a decisão judicial não sai, o que restou das paredes vem gerando transtornos, principalmente para quem transita pela área dos destroços. À noite, quando o local fica deserto, as pessoas evitam transitar por alí. Os muros servem de esconderijo para os marginais, segundo o comerciário José Rocha de Santana. “O cara apareceu do nada e tentou me assaltar, mas como ele estava com uma faca, deu tempo de fugir”. A demolição foi embargada pela justiça há cinco meses. Nesse período, os restos de material foram retirados pela população, que pegou tijolinhos, ferro e pedras. Todo o maquinário antigo foi roubado da fábrica de chocolate, uma das primeiras do Brasil. O prédio estava abandonado há quase 30 anos e parte da fábrica foi demolida em março. Hoje o espaço está tomado pelo mato, entulhos e lixo. Além disso, resto de paredes continuam oferecendo riscos para a população. A torre, que foi apontada como um risco iminente, continua de pé. “Na realidade, o local deveria ter sido restaurado pelos donos em troca de incentivos do município. Um importante elemento da história foi destruído”, opina o estudante João Paulo de Souza. Outro lado Segundo o diretor de fiscalização da Secretaria de Serviços Urbanos, Waldemar Antônio Mendes, a Prefeitura de Ilhéus não pode realizar nenhum trabalho no local enquanto a justiça não decidir sobre a demolição. O trabalho começou no dia 25 de março, quando o município ingressou na justiça e conseguiu autorização para demolir o imóvel. O espaço era foco de insetos, ratos e morcegos, além de abrigo clandestino. “Também existia a ameaça de desabamento. Hoje o risco é menor, mas não deixa de existir”. Ele informa que a procuradoria do município entrou na justiça pedindo o embargo da interdição e está trabalhando para concluir a demolição. A antiga fábrica de chocolate pertencia à família Kaufmann em parceria com a família Wildberger, formando a Usina Victória. Inaugurada em 1928, foi pioneira na industrialização do cacau. A Kaufmann & Cia, aberta em 1908 como compradora de cacau, alí extraia manteiga, líquor, torta e pó do cacau.