sábado, 15 de novembro de 2008

INSERÇÃO DE JOVENS NO MERCADO DE TRABALHO.

Tatiana Brito de Araújo é graduada em História e mestre em Ciências Sociais pela UFBA. Possui especialização em Relações Públicas pela Uneb e doutorado em Pedagogia Aplicada, pela Universidade Autônoma de Barcelona. Em sua trajetória profissional desenvolve trabalhos significativos na área de pesquisa; e, atua como professora da Uneb. Foi vencedora do Prêmio Fieb de 2000, com o trabalho Os engenhos centrais e a produção açucareira no recôncavo baiano 1875-1909. Em sua tese de doutorado Educação Profissionalizante - Questões Sociais e Mercado de Trabalho, ela questiona as possibilidades de inserção de jovens de baixa renda no mercado de trabalho.Nesta entrevista Tatiana fala sobre questões sociais que afetam o mundo do trabalho, a educação superior e as dificuldades encontradas pelos jovens, para alcançarem uma colocação profissional.
A Bagagem: Como você percebe o mercado de trabalho atualmente?
Tatiana: O mercado de trabalho está passando por um processo de desemprego estrutural, no qual quanto maior os avanços tecnológicos menor são as ofertas de emprego. Além disso, ele está exigindo dos profissionais uma qualificação contínua.
A Bagagem: Na sua opinião, quais são as principais mudanças relação à inserção do jovem no mercado de trabalho de Salvador?
Tatiana: Durante muito tempo a faculdade representou a garantia de emprego. Hoje, com a banalização do ensino superior, as coisas mudaram, e nos últimos tempos, muitas pessoas estão se diplomando, sem necessariamente estarem preparadas para exercer aquela profissão. Algumas faculdades querem apenas preencher vagas, então elas recebem “aquele aluno”, sem se preocupar se ele tem condições de ingressar em um curso superior.
A Bagagem: Então ter um diploma de nível superior não faz muita diferença?
Tatiana: Atualmente ter um curso de nível superior é mais uma forma de se destacar de quem não tem, porque teoricamente pode até fazer diferença, mas na prática não. Recentemente, em São Paulo, várias pessoas, entre elas graduados, formaram uma fila para disputar uma vaga de gari. Naquela ocasião não fez muita diferença se o candidato tinha nível superior ou não. Todos estavam disputando a mesma oportunidade. Então são as oportunidades que ditam as regras.
A Bagagem: O fato de alguns profissionais aceitarem exercer tarefas que não estão dentro de sua formação contribui para a desvalorização da categoria?
Tatiana: A desvalorização acontece em virtude da falta de oportunidades. O jovem aceita trabalhar, exercendo funções que não estão dentro de sua formação e se submete a ganhar salários abaixo do que deveria, pois sabe que se recusar, haverá um grande número de pessoas interessadas na mesma vaga.
A Bagagem: Essa qualificação contínua que você mencionou pode ser um diferencial para entrar no mercado de trabalho?
Tatiana: Atualmente isso está muito mais relacionado aos recursos financeiros do que ao potencial de cada um. Há várias Instituições oferecendo cursos por aí. Basta você ter recursos para fazê-los.
A Bagagem: O que um jovem que está em busca de inserção, no mercado de trabalho deve fazer, para conseguir vencer a concorrência?
Tatiana: Parar de se preocupar com a concorrência. Enquanto houver essa postura individualista, haverá poucas chances de mudança. Acredito que é o momento de se pensar em conjunto o que pode ser feito para mudar a atual situação, e não de agir cada um por si.
A Bagagem: Quais ações podem ser tomadas para reverter esse quadro?
Tatiana: No meu ponto de vista, deve haver uma integração entre o Estado, o Privado e o Social em busca de soluções. O Governo deve promover ações que gerem oportunidades de empregos; enquanto as universidades precisam trabalhar em conjunto com a comunidade e com as ONGs (Organizações Não Governamentais).
A Bagagem: Quais são as perspectivas de trabalho hoje?
Tatiana: O emprego formal está diminuindo e eu não vejo como reverter esse quadro. No momento, quem busca uma inserção no mercado de trabalho precisa ser muito bom no que faz. Há também o fator sorte e a questão da indicação, o que na minha concepção sempre vai existir. E por fim, os concursos públicos, que apesar dos vários escândalos, pressuponho que há maior seriedade em relação ao processo.
FONTE REVISTA A BAGAGEM.

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