Mais uma vez, a mistura poética do profano com o religioso foi o ponto alto da festa da Puxada do Mastro de São Sebastião, um dos mais esperados e tradicionais eventos do calendário de verão em Ilhéus. A exemplo dos anos anteriores, além de diversos shows musicais, a Puxada do Mastro reuniu elementos da religiosidade indígena e católica. Promovido com apoio da Prefeitura, por meio de várias secretarias municipais, como Turismo, Cultura, Saúde e Infraestrutura, o evento ocorreu neste último fim de semana (8, 9 e 10) e contou com promoção da Associação dos Machadeiros de Olivença.
O prefeito Jabes Ribeiro e o vice, Carlos Machado (Cacá), acompanharam os festejos. Para Ribeiro, é importante preservar essa tradição, porque assim se “mantém viva a história dos povos que formaram nossa bela Ilhéus”. Na opinião do secretário municipal de Turismo e Esportes, Josenaldo Cerqueira, a festa da Puxada do Mastro deste ano foi um sucesso absoluto. “Sem dúvida alguma, uma das mais organizadas e prestigiadas dos últimos anos. Somente na noite de sábado, 9, segundo dia do evento, tivemos na Praça Cláudio Magalhães um público estimado de dez mil pessoas”, acrescenta, destacando o clima de paz, harmonia e de absoluta tranqüilidade durante toda a festa.
Ainda na visão de Cerqueira, a Festa da Puxada do Mastro é um evento fundamental porque preserva as tradições religiosas e valoriza a própria história do município. “Além disso, não podemos esquecer que, sendo um importante produto turístico, a Puxada atrai não apenas a população, mas, também, turistas de várias partes da Bahia e do Brasil. Tivemos, por exemplo, o Balneário de Tororomba lotado o fim de semana inteiro”, lembra o titular da Setur. Após elogiar o envolvimento da comunidade de Olivença, o secretário agradeceu o apoio da 69ª Companhia Independente da Polícia Militar, do Batuba Beach, da Mineradora Guanabara e da paróquia da Igreja Nossa Senhora da Escada.
Opiniões – O alagoano Gerson Galvão, aposentado de 76 anos, prestigiou pela primeira vez a festa da Puxada do Mastro de São Sebastião. “Venho a Ilhéus com certa regularidade, uma vez que tenho muitos amigos aqui. Mas nunca tinha prestigiado esse evento que me fascinou pela alegria, mistura de ritmos e imensa diversidade cultural. Fiquei muito feliz em ter vindo”, avaliou.
Já a balconista Gabriela Souza, 27 anos, de Jequié, lembrou que esta foi uma das melhores festas da Puxada do Mastro da qual ela participou. “A festa é linda e, além disso, não presenciei nenhum incidente. Ilhéus está de parabéns por manter no seu calendário um evento tão mágico”, declarou.
Fotos: Alfredo Filho.
Festa – A Festa da Puxada do Mastro de Olivença é conservada por descendentes de índios, negros e brancos. Devido ao processo de miscigenação, são os caboclos de Olivença que mantêm a fé com o objetivo de preservar os diversos rituais do evento para as gerações futuras.
Na sexta-feira, dia 8, a partir das 16 horas, foi realizada a abertura oficial da festa com o hasteamento de bandeiras e cortejo de blocos mascarados pelas vias principais de Olivença. Na sequência, missa na Paróquia de Nossa Senhora da Escada, às 19 horas, e grande show musical, às 20 horas. No sábado, 9, a partir das 17 horas, houve apresentação de capoeira, leitura de cordel e procissão, às 18h30min. Meia hora depois, o público prestigiou a apresentação dos grupos Boi Estrela e As Camponesas. Já às 21 horas, ilheenses e turistas assistiram à performance da bandas Di Bali e Na Pegada da Lôra.
O ponto alto do evento, mais uma vez, aconteceu no domingo, dia 10 de janeiro, a partir das 5 horas da manhã, com uma alvorada. Uma hora depois, a programação incluiu atos religiosos (bênçãos) e indígenas (poracy). Por volta das 7 horas, foi servida a primeira feijoada para os machadeiros. Na sequência, eles seguiram para a mata de Ipanema com o objetivo de trazer o mastro.
Uma nova feijoada foi servida para os machadeiros por volta das 13 horas na praia de Sirihyba. Às 14 horas, Olivença foi contagiada pela apresentação de DJ com grupo de Zumba. Cerca de uma hora depois, teve início o cortejo da Puxada do Mastro, saindo da praia para a praça Claúdio Magalhães. O cortejo chegou à praça por volta das 17 horas. Encerrando a Festa da Puxada do Mastro deste ano, a noite foi animada pelo grupo musical A Rapaziada.
Origem - Segundo o historiador Erlon Fábio Costa, a Puxada do Mastro teve início no século XVI, com a Corrida de Toras, evento que integrava uma série de representações religiosas alimentadas pelos indígenas da região. “A partir do século XVIII, passamos a ter a festa com a configuração que chegou até os nossos dias”, diz, salientando que a imagem de São Sebastião desconfigurou a antiga Corrida de Toras e inseriu os elementos da Igreja Católica.
Erlon Fábio enfatiza que o mastro, principal símbolo da festividade e utilizado pela Igreja Católica para sustentar bandeiras de santos em frente aos templos, serve para demonstrar a resistência da comunidade indígena no que tange aos seus inúmeros aspectos culturais. “Também, nesse sentido, é importante acrescentar que a Puxada do Mastro é uma celebração onde homens, mulheres e crianças possuem papéis e funções, o que fortalece a participação comunitária e ajuda a explicar o fato de que, ao longo do tempo e ao contrário de outros eventos, essa manifestação se mantém forte e revigorada”, afirma.
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