Um jovem de 17 anos morto na porta da escola. Quatro tiros. Não era necessariamente um estudante, mas alguém que estava ali disputando espaço para venda de drogas. Morreu na guerra do tráfico, do crack, que tantas vítimas invisíveis têm feito em Itabuna.
Ouço o rádio no dia seguinte ao crime. Reflexões sobre a violência crescente, a juventude que se perde, a epidemia do crack. Um taxista é entrevistado e defende a ditadura, pena de morte. Fala-se da violência como se ela fosse um fantasma, como se as causas não estivessem ligadas diretamente ao modo de vida da própria sociedade, como se fosse uma elocubração de algum inferno longínquo e não do inferno em que muitos têm transformado as próprias vidas, as próprias casas…
Pais imaturos, inseguros, incompetentes para a responsabilidade de colocar um ser humano no mundo e prepará-lo para o mundo. Pais que não ensinam valores, não orientam, não dão exemplo e não percebem a lenta e progressiva deformação do caráter dos filhos, consequência direta de uma criação absurda.
O crime e o crack não são fantasmas nem surgem do nada. São produtos diretos do que nossa sociedade tem feito ou deixado de fazer. De uma sociedade que idolatra o consumo, o imediato, a futilidade e não pensa no que virá depois. Culpa-se a falta de emprego e oportunidades, mas não é isso. É na família corrompida e deformada que está a raiz de todo o mal.
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