segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Aids: todos contra ela Parte II > Convivendo com a Aids.

Por Anna Mocellin • Continuação da página 1
Fazendo uso regular dos medicamentos anti-retrovirais, que são distribuídos gratuitamente pelo Ministério da Saúde desde 1996, é possível garantir um aumento na sobrevida. Quem vai definir qual o melhor medicamento é o clínico geral. Se houver resistência ao remédio indicado, pode ser feita a troca por outro ao qual o paciente se adapte melhor. O importante é não desistir nem interromper o tratamento. Uma alimentação saudável, além de melhorar a qualidade de vida, aumenta a resistência do organismo à doença. Segundo recomendações do Ministério da Saúde, a paciente com HIV/Aids deve fazer de cinco a seis refeições por dia, priorizando a ingestão de frutas, verduras e legumes e evitando frituras e gorduras. Ficar sem comer só piora a situação, pois os medicamentos são muito fortes e podem irritar o estômago, causando úlceras e gastrites.
A troca de experiências e o apoio mútuo são fundamentais para resgatar a cidadania e a auto-estima perdidas
As atividades físicas devem ser mantidas, pois ajudam manter a auto-estima e aumentam a resistência física do portador do HIV. A mais recomendada é a musculação, que ajuda a evitar as conseqüências da lipodistrofia, migração de gordura dos membros e glúteos para as costas e o abdômen - conseqüência da Aids. Os relacionamentos pessoais, sociais e amorosos devem ser mantidos. Namorar é permitido, desde que a camisinha - feminina ou masculina - seja usada em todas as relações sexuais. Gravidez A princípio, a gravidez não interfere na evolução da doença. De acordo com a Dra. Mariana Maldonado, se a mulher estiver clinicamente bem, a tendência é que continue assim, principalmente se iniciar seu tratamento precocemente. Aliás, existe uma coisa que muitas mulheres com HIV/Aids ignoram: o tratamento contra o vírus não beneficia somente a mãe, mas o bebê também. "Ele pode reduzir drasticamente as chances de o bebê ser contaminado. Sem o tratamento, as chances de transmissão são de aproximadamente 20%. Com o tratamento, baixa para 1%", informa a ginecologista. Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico de infecção pelo HIV na gestante, maiores serão as chances de evitar a transmissão do vírus para o bebê. Por isso, é de extrema importância que se faça o teste no pré-natal, para que o tratamento com anti-retrovirais seja iniciado precocemente. O vírus HIV não provoca má-formação na criança, mas pode contaminá-la e, mais tarde, fazer com que ela desenvolva os sintomas da Aids. Por isso, de acordo com a Dra. Mariana, a medicação é tão importante.O acompanhamento pré-natal da gestante soropositiva deve ser feito com um ginecologista e obstetra e também um clínico geral (ou um infectologista), que vai avaliar o estado de saúde da gestante e dar orientações para o tratamento. "Como é uma gestação de alto risco, deve ser muito bem acompanhada", diz a Dra. Mariana. Quando a criança nasce, ela também recebe tratamento, que dura até a sexta semana de vida. Depois, é feito um acompanhamento durante um ou dois anos, para descobrir se ela foi ou não contaminada pelo vírus da mãe. Para que os riscos não sejam maiores, o parto deve ser feito por cesariana. Amamentação, nem pensar. Os riscos de transmissão do HIV pelo leite materno são altos: de 7 a 15%. O ideal é substituí-lo por leite artificial.Grupos de ApoioApesar de haver medicamentos que ajudem a prolongar a sobrevida dos doentes de Aids, garantindo uma vida normal por muitos anos, o lado emocional também precisa ser trabalhado. Afinal, não é fácil conviver com a idéia de que se trata, ainda, de uma doença incurável. É por isso que muitas mulheres portadoras do HIV procuram ajuda em grupos de apoio, que oferecem programação específica para elas, como palestras, oficinas de reflexão, reuniões com outras pessoas doentes e suporte psicológico. "A troca de experiências e o apoio mútuo são fundamentais para resgatar a cidadania e a auto-estima perdidas. Tudo isso é um processo que vai acontecendo com a participação no grupo. A idéia do grupo de apoio é acolher, fortalecer e informar as mulheres que estão vivendo com HIV/Aids, promover a inclusão social e valorizar a capacidade individual delas", ressalta Valéria de Paula, do Pela Vidda.
Ela conta que os temas mais debatidos nas reuniões são o uso da camisinha feminina e outras questões de sexualidade, acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), os aspectos da doença, auto-estima e inclusão social. "O contato com outras pessoas doentes fortalece as mulheres de tal forma, que elas abandonam o medo e a culpa por estarem com o vírus. Assim, enfrentam com mais coragem e determinação as conseqüências da doença", finaliza Valéria. Fonte MSN Mulher.

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