É lamentável que as negociações do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia tenham fracassado na sua tentativa de conclusão.
Em julho de 2016, cerca de um mês depois de eu ter assumido o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, estive em Xangai com a comissária de Comércio da UE, Cecília Malmstrom, e então pudemos, a partir dali, fortalecer a intenção de conclusão deste acordo que se arrastava há quase 20 anos.
De lá pra cá as negociações foram intensificadas e, do lado do Mercosul, fizemos todo o possível para chegar numa proposta atrativa para os europeus e segura para os sócios sul-americanos.
Mas a UE tem enfrentado resistências internas, especialmente do setor agrícola, e isso certamente pesou nesse desfecho inconclusivo.
Numa das ocasiões estive em Paris com o então ministro de Economia da França, Michel Sapin, buscando apoio para tentar arrefecer a rejeição do setor agrícola francês à conclusão do acordo.
Recentemente, o presidente da França, Emmanuel Macron, tentou atribuir ao novo governo brasileiro um eventual fracasso nas negociações, misturando os temas.
Não acredito que a UE deseje avançar de fato. Nem acredito que o governo de Jair Bolsonaro tenha a intenção de prosseguir com o acordo no futuro. Não se sabe nem mesmo que peso dará o novo presidente brasileiro ao Mercosul.
Certamente perdemos neste ano a grande oportunidade de nos integrarmos a um mercado importantíssimo como a União Europeia. Da nossa parte, em especial da minha enquanto ministro, não faltaram empenho, trabalho e dedicação.
*Marcos Pereira é deputado federal eleito pelo PRB São Paulo e ex-ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC)
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